Os juros cobrados pelas 25 instituições do sistema financeiro brasileiro acrescentam uma diferença (spread) arbitrária e abusiva, a título de risco, que eleva os juros efetivamente cobrados aos indivíduos e empresas a percentuais bem superiores ao da taxa básica, próprios de agiotas. Estudo é da consultoria Economática
Os bancos constituem o ramo da economia nacional que mais lucrou no segundo trimestre deste ano. Abocanharam R$ 10,1 bilhões, 18,38% a mais do que os R$ 8,5 bilhões obtidos em 2009, segundo estudo da consultoria Economática divulgado nesta segunda-feira (23).
O resultado reflete as altas taxas de juros e caríssimas tarifas cobradas aos clientes.
Prisioneiro de uma política monetária conservadora, há anos o Brasil exibe o desonroso título de campeão mundial dos juros reais altos.
A Selic - taxa básica de juros usada como indexador de títulos públicos - foi fixada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em 10,75% ao ano, depois de três aumentos sucessivos.
A mera aplicação em papéis do governo garante um bom rendimento, além de fácil e seguro. Mas, os banqueiros não se contentam com pouco.
Agiotagem
Os juros cobrados pelas 25 instituições do sistema financeiro brasileiro acrescentam uma diferença (spread) arbitrária e abusiva, a título de risco, que eleva os juros efetivamente cobrados aos indivíduos e empresas a percentuais bem superiores ao da taxa básica, próprios de agiotas.
Os juros sobre cheque especial e cartões de crédito são até 15 vezes superiores à Selic.
As tarifas sobre os serviços prestados (emissão de cheque, saldos, extratos, cartões, pagamento de contas, entre outros) são outra fonte generosa de lucros. Além disto, os banqueiros remuneram mal seus funcionários e exigem o máximo de esforço e produtividade.
Petróleo em segundo
O levantamento da Economática foi feito com base nos demonstrativos financeiros apresentados pela empresas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Depois do ramo bancário, no ranking dos lucros, aparece o de petróleo e gás, representado por quatro empresas, com lucro de R$ 8,5 bilhões contra R$ 7,7 bilhões registrados no mesmo período de 2009 (crescimento de 10,9%).
Dos 23 ramos econômicos analisados pela Economática, sete apresentam queda do lucro no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, entre eles alimentos e bebidas e veículos e peças.
Fonte: Agência DIAP - 24/08/10