A maior preocupação das entidades de autogestão atualmente é a sustentabilidade: suprir as demandas atuais sem comprometer as necessidades futuras. São 5 milhões de vidas, cujos benefícios podem ser afetados por fatores que constituem o cenário da saúde suplementar. Entre eles, está o ritmo de aumento na expectativa de vida, a previsão de que a população brasileira se torne majoritariamente idosa até 2025, as práticas de mercado da iniciativa privada e a forma de regulamentação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Nesse processo, aspectos que caracterizam a autogestão tornam-se ferramentas de ataque da concorrência. A modalidade é conhecida no mercado de seguridade social como “entidades caridosas”. Entre seus beneficiários, mais de 30% são pessoas com mais de 60 anos. “A autogestão é amparada pela solidariedade entre seus participantes, com baixos preços e atendimento a todas as faixas etárias sem diferenciação nos preços dos planos”, diz o diretor de Controle de Qualidade da Geap e diretor técnico da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Flávio de Abreu.
Como reflexo da prática de política de acessibilidade dos idosos aos planos de saúde, a autogestão se torna vítima de processos mercadológicos. “A iniciativa privada cultiva clientela composta por jovens que custam menos aos planos e deixam-nos aqueles clientes que podem custar mais, os idosos”, diz o diretor. Segundo ele, as empresas privadas com fins lucrativos aplicam preços ditados pelo mercado para selecionar seu público-alvo de forma excludente, “enquanto a autogestão oferece serviço de qualidade por preço justo”.
As iniciativas para superar os problemas incluem a conscientização da ANS e de outros órgãos reguladores para as peculiaridades de cada segmento em saúde suplementar. Abreu explica que o modelo de regulação implementado pela agência não considera o mercado de saúde suplementar dividido entre operadoras capitaneadas pelas cooperativas, medicina de grupo, seguradoras e autogestão. “Foi criada uma regra universal de regulação do setor, desconsiderando a ausência de lucro e sua atuação em mercados remotos, como os extremos do País.”
Fonte: GEAP - 08/07/10