Uma modalidade de serviço bancário tem chamado a atenção de empresas e usuários no Brasil: os Correspondentes Bancários. Além de agências do Correio, casas lotéricas e supermercados, hoje, eles estão presentes em padarias, lojas de varejo, farmácias e até em bancas de jornal.
Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Fractal, os Correspondentes Bancários se consolidam no setor, agregam valor aos estabelecimentos comerciais e possibilitam a bancarização ou o maior acesso da chamada “classe menos favorecida” a serviços bancários no País.
O instituto ouviu 4.196 usuários (1.781 pessoas com renda inferior a R$ 800 mensais e 2.415 com renda entre R$ 800 e R$ 4.000 por mês, abordando, portanto, as classes B1, B2, C1, C2, D e E), além de estabelecimentos credenciados, aqueles que já foram correspondentes e deixaram de ser, e aqueles que se constituem em potenciais prestadores desses serviços financeiros.
Realizada nas principais capitais do País, além de Grande São Paulo, Interior Paulista e Grande Rio de Janeiro, a pesquisa identificou que as classes C2, D e E lideram a utilização desses serviços e, em média, 60% dos entrevistados utilizam os correspondentes bancários entre duas a quatro vezes por mês para fazer pagamentos, depósitos, saques e consultas. Na amostra, 53% deles têm renda entre R$ 500 e R$ 800 por mês, 41% com renda entre R$ 251 e R$ 500, e 6% possuem renda de até R$ 250 mensais.
“Essa é uma constatação interessante, mas não é restrita à parte considerada mais pobre da população. A análise mostra que as classes B1 e B2 também aderiram aos correspondentes bancários e acompanham a tendência”, afirma Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Fractal.
O outro lado da pesquisa comprova que o serviço também é um bom negócio para os bancos. “Os pequenos e médios bancos viram nos correspondentes bancários uma forma de crescimento orgânico, sobretudo na baixa renda, além de aumentarem sua capilaridade e reduzirem seus custos de distribuição por meio desse serviço”, diz.
Já os grandes bancos também ampliaram sua participação em mercados de menor renda e aumentaram a oferta de pontos de venda para os clientes atuais. “Inclusive, alguns deles universalizaram muitos produtos e serviços financeiros à população de baixa renda, até então excluída da vida bancária, com funções sociais expressivas. Aliás, mais de 93% da população está satisfeita ou muito satisfeita com os serviços prestados por esses correspondentes”, complementa.
Entre os estabelecimentos que são correspondentes bancários é grande o nível de satisfação com essa atividade. “Eles valorizam muitos os bancos que apresentem uma tecnologia fácil de ser absorvida, para fazer funcionar a operação. Valorizam também a velocidade das transações, pois isso impede a formação de filas no estabelecimento. Por fim, julgam necessários treinamentos aos seus funcionários e assistência prestada pelos bancos à rede de integrantes desse serviço”, afirma o diretor-presidente.
Entre as maiores razões para se tornar um correspondente bancário, segundo os estabelecimentos, está o aumento do fluxo de novos clientes nas lojas e o aumento das vendas que a atividade pode trazer ao negócio. Além disso, algumas empresas também querem aproveitar espaços ociosos na loja e diluir os custos, principalmente, os referentes a aluguéis.
Por outro lado, os maiores problemas se referem à segurança e a disputa da atividade de Correspondente Bancário com a atividade principal da do estabelecimento.
Entre os estabelecimentos se constituem em potenciais correspondentes, mais de 80% deles afirmaram não ter intenção ou não pensaram em aderir ao serviço. As barreiras são mais fortes em relação aos bancos médios e pequenos. Já as marcas de prestígio dos bancos acabam solucionando bem boa parte desses temores.
Fonte: CCMCC - 27/08/09