A saúde suplementar está em crise há anos e a atual crise financeira mundial irá acelerar o processo de mudança do modelo existente hoje no Brasil.
Essa é a opinião do diretor Geral do Grupo Nossa Senhora de Lourdes, Fábio Sinisgalli, que também coordena o módulo de Saúde Suplementar do 14º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde (ClasSaúde), evento que acontece de 2 a 4 de junho, em São Paulo, durante a Hospitalar 2009.
Para Sinisgalli, em longo prazo, o sistema suplementar será inoperante, pois, em sua opinião, o modelo atual não se sustenta. De acordo com ele, prestadores e operadoras não conseguem encontrar e implantar soluções comuns.
O empresário credita à crise da saúde suplementar a três fatores: o modelo de remuneração existente, o fee for service; o impedimento legal para que os hospitais brasileiros busquem capital estrangeiro; e a pesada carga tributária.
Para ele, “quanto mais se faz, mais se recebe”, o que acaba gerando uma grande utilização dos planos e desequilíbrio às operadoras. Em paralelo, os hospitais entram numa concorrência desleal com as empresas de saúde que levantam capital internacional.
Por fim, há a questão tributária, já que os hospitais filantrópicos e beneficentes, que disputam o mercado suplementar em igualdade com os lucrativos, têm várias isenções. De acordo com Sinisgalli, quase um terço do total de receitas do hospital lucrativo é consumido com tributos.
Quanto à crise financeira mundial, um dos temas que serão debatidos durante o ClasSaúde, o empresário acredita que a saúde já está sendo afetada, por exemplo, pela alta do dólar.
Sinisgalli analisou três meses anteriores e igual período após o início da crise mundial e detectou um aumento de 13% em órteses, próteses e materiais especiais. Este aumento, conforme afirmou, terá impacto na saúde.
A falta de crédito é outro problema sério, principalmente para as empresas que dependem de capital, linhas de leasing, financiamento para o crescimento e o desenvolvimento tecnológico. De acordo com o diretor, sem crédito, a situação fica paralisada, uma vez que quem vinha em processo de crescimento já adiou os planos.
Em contrapartida, grandes conglomerados e empresas sólidas, que têm capital à disposição, veem na crise uma oportunidade de expansão, já que as aquisições ficam mais fáceis, segundo acredita Fábio Sinisgalli.
Apesar da expectativa de aumento do desemprego, a questão não é um fator que preocupa o diretor do Grupo Nossa Senhora de Lourdes. Na sua visão, o mercado suplementar no Brasil é promissor e, em épocas de incerteza, a utilização dos serviços de saúde aumenta.
Ele afirma, no entanto, que o mundo não será o mesmo após a atual crise financeira. Ele acredita que todos os setores irão repensar seus modelos e que a saúde deve fazer o mesmo. Para ele, essa crise traz oportunidade de verificar o que é inviável, o que pode ser agregado e deve levar o setor a pensar diferente.
O diretor do NSL citou, ainda, o turismo em saúde no Brasil como uma excelente oportunidade de negócios, principalmente em razão da crise mundial. Para entrar nesse novo cenário, a governança corporativa é um modelo de gestão fundamental, na opinião de Fábio Sinisgalli.
Segundo ele, quando você trabalha com investidores, é necessário que haja um modelo de gestão transparente, organizado e que o processo sucessório esteja definido.
Fonte: Plurall - 31/03/09