Com o marco regulatório, importantes práticas foram adotadas, principalmente as que visam dar segurança para o segmento. Os empreendedores estão sendo educados para a atividade, embora muitas vezes por caminhos desconfortáveis.
Ter reservas adequadas e práticas de qualidade são exemplos que estão em ensinamentos de iniciação e que poderiam ter sido espontaneamente adotados, principalmente porque possibilitam segurança e rentabilidade, mas, para variar, foi preciso ser exigido.
A oferta de assistência médica à população, não por estar na constituição e ser dever do Estado, é resultado de políticas públicas que não está na competência da iniciativa privada. Os embates do mercado se dão, a meu ver, pela não atenção à questão estratégica para a definição de Missão e de Foco.
Missão (saúde suplementar): ser beneficio, patrocinado (pago/subsidiado) e complementar ao sistema público, com serviço de excelência e fundamentado em diretriz que promova a saúde, com inclusão de recursos destinados à pesquisa e responsável incorporação tecnológica.
Foco (saúde suplementar): grupos com recursos disponíveis para, em mutualidade e solidariedade, financiar conforto diferenciado, na busca de serviço de assistência à saúde.
Caso o conceito não seja convincente, reflita sobre dados objetivos:
número de usuários do sistema suplementar: estagnado em 39/40 milhões;
planos coletivos (patrocinados) representam 70% do mercado nos últimos 15 anos;
esmagadora maioria no sudeste – concentração econômica;
menos de 50 operadoras concentram esmagadora maioria dos usuários.
Por falta de planejamento estratégico setorial, que somente será viável a partir da colaboração, o mercado está se consumindo na guerra por preço de venda, apenas buscando mercado.
A patologia instalada não é de custo. A irresponsável não observação de questões como Risco e Estudo Atuarial com a operadora competindo somente em preço, está consumindo reservas e arriscando a sobrevivência da própria empresa.
O enxugamento, ou melhor, a concentração do mercado se da ao entorno de dívidas e a saída recente tem sido a abertura de capital, que gerando recursos, viabiliza fusões ou incorporações.
Colaborar, compartilhar dados, perspectivas, dificuldades, deficiências e a busca de solução, parece ser a visão adequada para o futuro, ciente de que hoje a saúde suplementar comercial- gostem ou não - caminha para semelhança da saúde pública. Esta sim tem representatividade e é responsável pelo orçamento da assistência à saúde.
Assim, caríssimos, competir aguerridamente em preço e aumento de carteira nos conduziu até o quadro atual, que não está gerando satisfação. Devemos então insistir no modelo? Será que teremos de cair no fundo do poço para mudar? (Pedro Fazio - Saúde Business Web)
Fonte: unidas.org